sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

W.A.S.P. - Animal (I f*** Like A Beast)

Triumvirat - Old loves die hard

Pour mon Président

Monsieur le Président
Vous qui êtes là à Lisbonne
On est ici à Porto
Et on ne fait aucune

Monsieur le Président
Envoyez ici vos Vices
Pour qu’ils puissent voir
La merde qu’on fait ici

Monsieur le Président
On est préoccupé
Avec la situation
De nos petites brebis

Monsieur le Président
Acceptez nos excuses
À cause d’avoir encore
Monsieur Sousa ici

Monsieur le Président
On doit être bien payé
Pour pouvoir acheter
De nouvelles culottes roses

Monsieur le Président
Nous sommes bien contents
Avec les murs qui tombent
Dans tous les monuments

Monsieur le Président
On veut la promotion
À fin de pouvoir faire
Plus moins qu’on fait encore

Monsieur le Président
C’est arrivé le moment
D’acheter des nouvelles baignoles
Pour mieux se promener

Monsieur le Président
Nous sommes enfin uniques
Dans le grand espoir
De vous voyer insane

Monsieur le Président
Nos saudations sincères
À tous ceux qui travaillent
Dans ce lieu de misère

Monsieur le Président
Nous avons l’envie
D’être les majeurs brebis
Dans la foire des nouveautés

Monsieur le Président
Écrivez à tout le monde
Annonçant nos désirs
De tout laisser comme ça

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira ou o centenário de um Génio

Manoel de Oliveira faz hoje cem anos. Nem me apetece dizer nada...


O Prémio IHRU 2008

Pois, em 2008, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana decidiu atribuir o Prémio de Promoção Municipal a um empreendimento promovido pela Câmara do Porto cujos projectos foram coordenados por mim e pelo Arquitecto Helder Casal Ribeiro.
Sabe sempre bem ver o trabalho reconhecido...

Da Publicação:

Apresentam-se os empreendimentos candidatos ao Prémio IHRU 2008 Construção,concluídos em 2007 e promovidos por Municípios e Instituições Regionais, Empresas Privadas de Construção e Cooperativas de Construção e Habitação.

No corrente ano, registaram-se 31 candidaturas, das quais 11 são de Promoção Municipal e Regional, 15 de Promoção Privada e 5 de Promoção Cooperativa.

O júri incluiu representantes das seguintes instituições:

Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, Laboratório nacional de Engenharia Civil, Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas e Ordem dos Engenheiros.

Numa primeira reunião o júri fez uma pré-selecção dos empreendimentos,tendo elaborado um programa de visitas. Na última reunião, efectuada após as deslocações aos empreendimentos seleccionados, o júri decidiu:

Por unanimidade, atribuir o Prémio de Promoção
Municipal, em ex-aequo, aos empreendimentos:

21 fogos nas fontainhas, Porto

promovidos pelo Município do Porto, construídos pela empresa Lúcios – Construção e Obras Públicas, S.A., com projectos e coordenação dos Arquitectos Helder Casal Ribeiro e Amândio Cupido.

Trata-se de uma notável intervenção urbana, marcada por uma excelente qualidade arquitectónica global, pormenorizada e atraentemente diversificada, nos seus diversos espaços e elementos, constituída por edifícios de habitação e comércio e por um edifício de equipamentos, complementados por espaços exteriores adjacentes. O conjunto vem colmatar e dar significado a um vazio urbano expectante, numa acção de referência em termos de preenchimento físico, integração social e diálogo de arquitecturas novas e preexistentes.
Um terreiro de dimensões generosas, com árvores já adultas e excelente equipamento de exterior em madeira, aberto ao rio, destina-se ao lazer e ao convívio em condições de total segurança. O volume edificado apresenta uma imagem sóbria dada pelos materiais das fachadas e pavimentos naturais em harmonia cromática.
No interior das habitações, realça-se a modelação da luz, feita por uma caixilharia de madeira de cuidado e delicado desenho. Há, assim, arquitectura de paisagem
urbana, pormenorizada e humanizada.






terça-feira, 9 de dezembro de 2008

na Academia - O Evangelho segundo Jesus Cristo – José Saramago (1991)

De José Saramago não há muito a dizer; paradoxalmente amado e reconhecido ou desprezado e ignorado, faz parte com Fernão Lopes, Gil Vicente, Camões, Eça de Queiróz, Fernando Pessoa e Miguel Torga de um ínclito grupo de enormes Autores Portugueses. Pois e ganhou o Nobel.
Com Jorge de Sena ou Eduardo Lourenço faz parte de um grupo de ilustres Portugueses que não quis viver em Portugal…

Como Mário Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez, Milan Kundera ou Ernest Hemingway marcou de uma forma profunda a literatura do século XX.

Há outros grandes escritores na história da literatura? Claro que há, era o que faltava.

Assim, o que torna Saramago tão especial? Uma assombrosa Cosmogonia? Uma apurada reflexão sobre assuntos incómodos à maioria das pessoas? Uma desassombrada morfologia linguística que poupa virgulas e pontos finais ao ponto de deixar o leitor sem respiração? Como dizia o meu Professor de História do 6º ano: “não só, mas também”…

Efectivamente, confesso que a sua Cosmogonia me perturba menos que a de Bóris Vian ou a de Pier Paolo Pasolini. Ou mesmo a de Woddy Allen ou Patricia Highsmith. Ou se quiser recuar uns anos, à de Ludwig Van Beethoven. Ou mesmo à de Manoel de Oliveira ou Agustina Bessa Luís. E será assim tão incómodo? Talvez, mas a quem já leu Franz Kafka ou Georges Bataille ou Henry Miller ou o Marquês de Sade ou mesmo E. G. Wells não incomodará por aí além. Ou para quem leu Nietsche… E o ritmo alucinante das narrativas? Basta ouvir o “movimento perpétuo” de Carlos Paredes para se poder ouvir/ler o discurso de Saramago.

E já agora, porquê esta Obra? Não seria eventualmente mais confortável falar d’o Memorial do Convento, essa obra maior da nossa literatura, ou d’o Ensaio sobre a cegueira, ainda por cima agora recriada em filme por Fernando Meirelles? Claro que sim, mas a tentação de Saramago de reflectir sobre uma personagem que marcou de uma forma tão profunda a nossa história nos últimos vinte séculos deve ter sido tudo menos estimulante. Desde os Concílios Medievais que “fabricaram” a Bíblia Sagrada até às reflexões sobre a história do Cristianismo ou mesmo obras de referência do século passado, temos uma grande panóplia de obras sobre a figura de Jesus Cristo, muitas delas produzidas no século passado (tempo a que não serão alheios os estudos sobre o Santo Sudário ou as aparições Marianas – aliás, a Virgem Maria é figura central na teologia do século XX). Nikos Kanzantzakis escreveu uma grande obra sobre Jesus Cristo e levada à tela por Martin Scorcese (“a última tentação de Cristo”, com Willem Dafoe, Harvey Keitel e Barbara Hershey, realizado em 1998); se Mel Gibson (“a paixão de Cristo”) também quis apresentar a sua “reflexão”, para não falar da soberba “Ópera-Rock” Jesus Christ Superstar, de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber também “convertida” em filme, o que poderia impedir um grande Escritor de escrever um “Evangelho” - apócrifo – e neste “mostrar” a sua Magna personagem?

Provavelmente nada…

E, José Saramago, como grande escritor universal, que transcende mesmo o seu tempo, apresenta-nos neste Evangelho uma visão intemporal e muito própria sobre Jesus Cristo, perturbante e genial, para ser lida com a abertura intelectual de quem não se importar de manter a Bíblia Sagrada ao lado e eventualmente alternar a leitura… afinal de contas estamos a falar de uma das figuras mais importantes, perturbantes e eventualmente a mais incontornável da nossa Civilização.
E o grande Saramago, a páginas 283 a 285 da primeira edição da Caminho relata desta forma extraordinária o encontro com Jesus e Maria de Magdala, um dos mais perturbantes “encontros” para a Teologia da Igreja Católica Romana:

“Durante todo o dia, ninguém veio bater à porta de Maria de Magdala. Durante todo o dia, Maria de Magdala serviu e ensinou o rapaz de Nazaré que, não a conhecendo nem de bem nem de mal, lhe viera pedir que o aliviasse das dores e curasse as chagas que, mas isso não o sabia ela, tinham nascido noutro encontro, no deserto, com Deus. Deus dissera a Jesus, A partir de hoje pertences-me pelo sangue, o Demónio, se o era, desprezara-o, Não aprendeste nada, vai-te, e Maria de Magdala, com os seios escorrendo suor, os cabelos soltos que parecem deitar fumo, a boca túmida, olhos como de água negra, Não te prenderás a mim pelo que te ensinei, mas fica comigo esta noite. E Jesus, sobre ela, respondeu, O que me ensinas, não é prisão, é liberdade. Dormiram juntos, mas não apenas essa noite. Quando acordaram, já manhã alta, e depois de uma vez mais os seus corpos se terem buscado e achado, Maria foi ver como estava a ferida do pé de Jesus, Tem melhor ar, mas não devias ir ainda para a tua terra, vai-te fazer mal o caminho, com esse pó, Não posso ficar, e se tu mesma dizes que estou melhor, Ficar, podes, a questão é que tenhas a vontade, quanto à porta do pátio, estará fechada por todo o tempo que quisermos, A tua vida, A minha vida, nesta hora, és tu, Porquê, Respondo-te com as palavras do Rei Salomão, o meu amado meteu a mão pela abertura da porta e o meu coração estremeceu, E como posso ser o teu amado se não me conheces, se sou apenas alguém que te veio pedir ajuda e de quem tiveste pena, pena das minhas dores e da minha ignorância, Por isso te amo, porque te ajudei e te ensinei, mas tu a mim é que não poderás amar-me, pois não me ensinaste nem ajudaste, Não tens nenhuma ferida, Encontrá-la-ás se a procurares, Que ferida é, Essa porta aberta por onde entravam outro e o meu amado não, Disseste que sou o teu amado, Por isso a porta se fechou depois de entrares, Não sei nada que possa ensinar-te, só o que de ti aprendi, Ensina-me também isso, para saber como é aprendê-lo de ti, Não podemos viver juntos, Queres dizer que não podes viver com uma prostituta, Sim, Por todo o tempo que estiveres comigo, não serei uma prostituta, não sou prostituta desde que aqui entraste, está nas tuas mãos que continue a não o ser, Pedes-me demasiado, Nada que não possas dar-me por um dia, por dois dias, pelo tempo que o teu pé leve a sarar, para que depois se abra outra vez a minha ferida, Levei dezoito anos para chegar aqui, Alguns dias mais não te farão diferença, ainda és novo, Tu também és nova, Mais velha do que tu, mais nova que a tua mãe, Conheces a minha mãe, Não, Então porque disseste, Porque eu nunca poderia ter um filho que tivesse hoje a tua idade, Que estúpido sou, Não és estúpido, apenas inocente, Já não sou inocente, Por teres conhecido mulher, Não o era já quando me deitei contigo, Fala-me da tua vida, mas agora não, agora só quero que a tua mão esquerda descanse sobre a minha cabeça e a tua direita me abrace.”

E Jesus e Madalena são aqui “perdoados”, num discurso sublime… Jesus e Maria aparecem aqui muito mais humanos que na Liturgia.

É preciso mais para ler ou reler este livro fantástico?