quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Depois da Cabedela

U João acurdou cu galo a kantar. Fo..-.., rais parto o kantante. Olha pá Rita e pensa, cum caneco, a patroa, canudo? Olha em bolta, cortinas labadas, fronha cem ranho, e torna a pensar… isto num é a minha casa… foi o raio da cabedela, o galo taba eztragado e a pumada no escorregou bem. Olha pá cecretária do presedente a roncar, olha pra isto, parece uma porca; oh Rita, acorda ca……, rais parta o estafermo, ké kela me terá feito? Drógou-me e pôsmaqui a durmir, oh Rita! Bom dia çenhor João, drumiu bem? Onte o arrozito caiu-le mal e eu truçe-o práqui. Mal xigou, aterrou logo… Ai o diabo, pruque nu me lebaste tu a casa melher? Oh çenhor, prá patroa acordar os bezinhuz? Nããã… Eu agora bou é trefonar prá patroa a dzer ke bai pá Cambra pra dar oz númaros às peçoas i num falo da cabidela; bista-se hóme, bá pá Cambra antes cu presedente xegue. O hóme beste-çe e çai; pára no tasco do Carlos pó mata bixo, Bons dias çenhor João, já por cá? É uma mine? Não, é um café, meio remédio e duas das pedras. Ui tá mal… aqui está. Agardecido. O João bebe uma das águas, bota um xeirinho no café (kaki nu á duas opiniães…) e entra o Manel, diaa…, é um café com xeirinho. Olá ti João, o caminho ficou 5*****. E a cabidela donte, ke tal? Nu digas nada, fosga-se! Atão? O ca…… do galo taba todo indrominado… Boçê meteu-lhe cum garrafão e agora keixa-se…, olhe, já diçe à Maria ca gente çó bota a laranjeira abaixo depois dapanhar az laranjaz. Prontes, tá a fazer u cu presedente informô, tá certo. Tinonitoninoni tinonitoninoni, era o télémóbel do João; Estou, kem fala? (rais parto bizôr, num bejo nada bou ligar pós gajos) tou? Tá lá? Çenhor João, é a Rita, olhe çenhor João, tem ke passar em casa pruque a çua patroa diçe ka ubelha tá duente. Duente, é du cú kente, bou mas é pá Cambra; bai é tratar de bida i num te metaz na minha. Chega o presedente Bons dias, oh João bóçê têm aí númaros? Númaros de kê çenhor presedente? Dos da Cambra, o cumpadre Jaquim bai lá à tarde informar i pediu um númaro. Olhe, aki num tenho, mas logo xegu à Cambra i ponho um de ladeiro, açim, ele txega i já tem númaro. Está bem, trate diço. O Manel acaba o café, quanto çe debe? O presedente, Oh Carlos, bota na minha, a Cambra paga. O çenhor presedente manda. Manel, num botes abaixo a laranjeira, João, bora pá Cambra, Carlos, até logo. E forão pá Cambra. Ião e encontra o presedente da Junta, oh senhor presedente, botou esfalke no kaminho, nu informô e eu agora tenho a caminete a chegar, onde é kê boto o esfalke. Bótó no c´, diçe o presedente (raisparta este da Junta, comuna, ia botar esfalke no kaminhu i nu informaba). O presedente da Junta fikou piurço e diçe: Pois, é trabalho, trabalho e o denheiro está no ca….., boçês nu informa, isto por í abaxo é tudo gente ke num bai à escola. Meto o esfalke é no recreio da çêmaiseçe e encomendo já uma placa em garnito a dezer “inógurado no dia da obra pelo presedente da Junta, coiza e tal, data e o ca…..”, e prontes. A ber çe amanhã nu tá tudo xeio de putoz a jogar à bola…, futeçal, prontes. O presedente nu gostô, nu respondeu e entrou no çêdêí, Até logo. (Nu me poço eskecer do númaro pó Jaquim).

1 comentário:

Natural Naturalmente disse...

Cupido, lindo.
A imaginação por si só não tem fronteiras, prova disso...seus textos.
Parabens.
Márcia