sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

W.A.S.P. - Animal (I f*** Like A Beast)

Triumvirat - Old loves die hard

Pour mon Président

Monsieur le Président
Vous qui êtes là à Lisbonne
On est ici à Porto
Et on ne fait aucune

Monsieur le Président
Envoyez ici vos Vices
Pour qu’ils puissent voir
La merde qu’on fait ici

Monsieur le Président
On est préoccupé
Avec la situation
De nos petites brebis

Monsieur le Président
Acceptez nos excuses
À cause d’avoir encore
Monsieur Sousa ici

Monsieur le Président
On doit être bien payé
Pour pouvoir acheter
De nouvelles culottes roses

Monsieur le Président
Nous sommes bien contents
Avec les murs qui tombent
Dans tous les monuments

Monsieur le Président
On veut la promotion
À fin de pouvoir faire
Plus moins qu’on fait encore

Monsieur le Président
C’est arrivé le moment
D’acheter des nouvelles baignoles
Pour mieux se promener

Monsieur le Président
Nous sommes enfin uniques
Dans le grand espoir
De vous voyer insane

Monsieur le Président
Nos saudations sincères
À tous ceux qui travaillent
Dans ce lieu de misère

Monsieur le Président
Nous avons l’envie
D’être les majeurs brebis
Dans la foire des nouveautés

Monsieur le Président
Écrivez à tout le monde
Annonçant nos désirs
De tout laisser comme ça

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira ou o centenário de um Génio

Manoel de Oliveira faz hoje cem anos. Nem me apetece dizer nada...


O Prémio IHRU 2008

Pois, em 2008, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana decidiu atribuir o Prémio de Promoção Municipal a um empreendimento promovido pela Câmara do Porto cujos projectos foram coordenados por mim e pelo Arquitecto Helder Casal Ribeiro.
Sabe sempre bem ver o trabalho reconhecido...

Da Publicação:

Apresentam-se os empreendimentos candidatos ao Prémio IHRU 2008 Construção,concluídos em 2007 e promovidos por Municípios e Instituições Regionais, Empresas Privadas de Construção e Cooperativas de Construção e Habitação.

No corrente ano, registaram-se 31 candidaturas, das quais 11 são de Promoção Municipal e Regional, 15 de Promoção Privada e 5 de Promoção Cooperativa.

O júri incluiu representantes das seguintes instituições:

Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, Laboratório nacional de Engenharia Civil, Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas e Ordem dos Engenheiros.

Numa primeira reunião o júri fez uma pré-selecção dos empreendimentos,tendo elaborado um programa de visitas. Na última reunião, efectuada após as deslocações aos empreendimentos seleccionados, o júri decidiu:

Por unanimidade, atribuir o Prémio de Promoção
Municipal, em ex-aequo, aos empreendimentos:

21 fogos nas fontainhas, Porto

promovidos pelo Município do Porto, construídos pela empresa Lúcios – Construção e Obras Públicas, S.A., com projectos e coordenação dos Arquitectos Helder Casal Ribeiro e Amândio Cupido.

Trata-se de uma notável intervenção urbana, marcada por uma excelente qualidade arquitectónica global, pormenorizada e atraentemente diversificada, nos seus diversos espaços e elementos, constituída por edifícios de habitação e comércio e por um edifício de equipamentos, complementados por espaços exteriores adjacentes. O conjunto vem colmatar e dar significado a um vazio urbano expectante, numa acção de referência em termos de preenchimento físico, integração social e diálogo de arquitecturas novas e preexistentes.
Um terreiro de dimensões generosas, com árvores já adultas e excelente equipamento de exterior em madeira, aberto ao rio, destina-se ao lazer e ao convívio em condições de total segurança. O volume edificado apresenta uma imagem sóbria dada pelos materiais das fachadas e pavimentos naturais em harmonia cromática.
No interior das habitações, realça-se a modelação da luz, feita por uma caixilharia de madeira de cuidado e delicado desenho. Há, assim, arquitectura de paisagem
urbana, pormenorizada e humanizada.






terça-feira, 9 de dezembro de 2008

na Academia - O Evangelho segundo Jesus Cristo – José Saramago (1991)

De José Saramago não há muito a dizer; paradoxalmente amado e reconhecido ou desprezado e ignorado, faz parte com Fernão Lopes, Gil Vicente, Camões, Eça de Queiróz, Fernando Pessoa e Miguel Torga de um ínclito grupo de enormes Autores Portugueses. Pois e ganhou o Nobel.
Com Jorge de Sena ou Eduardo Lourenço faz parte de um grupo de ilustres Portugueses que não quis viver em Portugal…

Como Mário Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez, Milan Kundera ou Ernest Hemingway marcou de uma forma profunda a literatura do século XX.

Há outros grandes escritores na história da literatura? Claro que há, era o que faltava.

Assim, o que torna Saramago tão especial? Uma assombrosa Cosmogonia? Uma apurada reflexão sobre assuntos incómodos à maioria das pessoas? Uma desassombrada morfologia linguística que poupa virgulas e pontos finais ao ponto de deixar o leitor sem respiração? Como dizia o meu Professor de História do 6º ano: “não só, mas também”…

Efectivamente, confesso que a sua Cosmogonia me perturba menos que a de Bóris Vian ou a de Pier Paolo Pasolini. Ou mesmo a de Woddy Allen ou Patricia Highsmith. Ou se quiser recuar uns anos, à de Ludwig Van Beethoven. Ou mesmo à de Manoel de Oliveira ou Agustina Bessa Luís. E será assim tão incómodo? Talvez, mas a quem já leu Franz Kafka ou Georges Bataille ou Henry Miller ou o Marquês de Sade ou mesmo E. G. Wells não incomodará por aí além. Ou para quem leu Nietsche… E o ritmo alucinante das narrativas? Basta ouvir o “movimento perpétuo” de Carlos Paredes para se poder ouvir/ler o discurso de Saramago.

E já agora, porquê esta Obra? Não seria eventualmente mais confortável falar d’o Memorial do Convento, essa obra maior da nossa literatura, ou d’o Ensaio sobre a cegueira, ainda por cima agora recriada em filme por Fernando Meirelles? Claro que sim, mas a tentação de Saramago de reflectir sobre uma personagem que marcou de uma forma tão profunda a nossa história nos últimos vinte séculos deve ter sido tudo menos estimulante. Desde os Concílios Medievais que “fabricaram” a Bíblia Sagrada até às reflexões sobre a história do Cristianismo ou mesmo obras de referência do século passado, temos uma grande panóplia de obras sobre a figura de Jesus Cristo, muitas delas produzidas no século passado (tempo a que não serão alheios os estudos sobre o Santo Sudário ou as aparições Marianas – aliás, a Virgem Maria é figura central na teologia do século XX). Nikos Kanzantzakis escreveu uma grande obra sobre Jesus Cristo e levada à tela por Martin Scorcese (“a última tentação de Cristo”, com Willem Dafoe, Harvey Keitel e Barbara Hershey, realizado em 1998); se Mel Gibson (“a paixão de Cristo”) também quis apresentar a sua “reflexão”, para não falar da soberba “Ópera-Rock” Jesus Christ Superstar, de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber também “convertida” em filme, o que poderia impedir um grande Escritor de escrever um “Evangelho” - apócrifo – e neste “mostrar” a sua Magna personagem?

Provavelmente nada…

E, José Saramago, como grande escritor universal, que transcende mesmo o seu tempo, apresenta-nos neste Evangelho uma visão intemporal e muito própria sobre Jesus Cristo, perturbante e genial, para ser lida com a abertura intelectual de quem não se importar de manter a Bíblia Sagrada ao lado e eventualmente alternar a leitura… afinal de contas estamos a falar de uma das figuras mais importantes, perturbantes e eventualmente a mais incontornável da nossa Civilização.
E o grande Saramago, a páginas 283 a 285 da primeira edição da Caminho relata desta forma extraordinária o encontro com Jesus e Maria de Magdala, um dos mais perturbantes “encontros” para a Teologia da Igreja Católica Romana:

“Durante todo o dia, ninguém veio bater à porta de Maria de Magdala. Durante todo o dia, Maria de Magdala serviu e ensinou o rapaz de Nazaré que, não a conhecendo nem de bem nem de mal, lhe viera pedir que o aliviasse das dores e curasse as chagas que, mas isso não o sabia ela, tinham nascido noutro encontro, no deserto, com Deus. Deus dissera a Jesus, A partir de hoje pertences-me pelo sangue, o Demónio, se o era, desprezara-o, Não aprendeste nada, vai-te, e Maria de Magdala, com os seios escorrendo suor, os cabelos soltos que parecem deitar fumo, a boca túmida, olhos como de água negra, Não te prenderás a mim pelo que te ensinei, mas fica comigo esta noite. E Jesus, sobre ela, respondeu, O que me ensinas, não é prisão, é liberdade. Dormiram juntos, mas não apenas essa noite. Quando acordaram, já manhã alta, e depois de uma vez mais os seus corpos se terem buscado e achado, Maria foi ver como estava a ferida do pé de Jesus, Tem melhor ar, mas não devias ir ainda para a tua terra, vai-te fazer mal o caminho, com esse pó, Não posso ficar, e se tu mesma dizes que estou melhor, Ficar, podes, a questão é que tenhas a vontade, quanto à porta do pátio, estará fechada por todo o tempo que quisermos, A tua vida, A minha vida, nesta hora, és tu, Porquê, Respondo-te com as palavras do Rei Salomão, o meu amado meteu a mão pela abertura da porta e o meu coração estremeceu, E como posso ser o teu amado se não me conheces, se sou apenas alguém que te veio pedir ajuda e de quem tiveste pena, pena das minhas dores e da minha ignorância, Por isso te amo, porque te ajudei e te ensinei, mas tu a mim é que não poderás amar-me, pois não me ensinaste nem ajudaste, Não tens nenhuma ferida, Encontrá-la-ás se a procurares, Que ferida é, Essa porta aberta por onde entravam outro e o meu amado não, Disseste que sou o teu amado, Por isso a porta se fechou depois de entrares, Não sei nada que possa ensinar-te, só o que de ti aprendi, Ensina-me também isso, para saber como é aprendê-lo de ti, Não podemos viver juntos, Queres dizer que não podes viver com uma prostituta, Sim, Por todo o tempo que estiveres comigo, não serei uma prostituta, não sou prostituta desde que aqui entraste, está nas tuas mãos que continue a não o ser, Pedes-me demasiado, Nada que não possas dar-me por um dia, por dois dias, pelo tempo que o teu pé leve a sarar, para que depois se abra outra vez a minha ferida, Levei dezoito anos para chegar aqui, Alguns dias mais não te farão diferença, ainda és novo, Tu também és nova, Mais velha do que tu, mais nova que a tua mãe, Conheces a minha mãe, Não, Então porque disseste, Porque eu nunca poderia ter um filho que tivesse hoje a tua idade, Que estúpido sou, Não és estúpido, apenas inocente, Já não sou inocente, Por teres conhecido mulher, Não o era já quando me deitei contigo, Fala-me da tua vida, mas agora não, agora só quero que a tua mão esquerda descanse sobre a minha cabeça e a tua direita me abrace.”

E Jesus e Madalena são aqui “perdoados”, num discurso sublime… Jesus e Maria aparecem aqui muito mais humanos que na Liturgia.

É preciso mais para ler ou reler este livro fantástico?



quinta-feira, 27 de novembro de 2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

JP Simões (Coliseu dos Recreios)

jp simões e couple coffee

Couple Coffee - Tipo Zero (Noel Rosa)

Couple Coffee - Cantiga de Embalar

E alegre se fêz triste

Aquela clara madrugada que
Viu lágrimas correrem no teu rosto
E alegre se fez triste como se
chovesse de repente em pleno Agosto

Ela só viu meus dedos nos teus dedos
Meu nome no teu nome e demorados
Viu nossos olhos juntos nos segredos
Que em silêncio dissemos separados

A clara madrugada em que parti
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
Por onde o automóvel se afastava

E viu que a pátria estava toda em ti
E ouviu dizer adeus essa palavra
Que fez tão triste a clara madrugada
Que fez tão triste a clara madrugada

Manuel Alegre

na academia - Crime no Expresso do Oriente

Agatha Christie nasceu em 1890, filha de pai americano e mãe inglesa. Passou a infância em Devonshire e cedo se familiarizou com a literatura inglesa, através da leitura de Charles Dickens e Jane Austen. Mais tarde seria leitora fervorosa de Sherlock Holmes. A sua educação escolar não foi além de dois anos de estudo de canto e piano em França.
Em 1915 casou-se com o coronel Archibald Christie de quem se separou em 1926. Quatro anos mais tarde casou-se com Sir Max Mallowan, famoso arqueólogo e professor da Universidade de Oxford que acompanhou em numerosas viagens e expedições arqueológicas. Até à sua morte, Agatha Christie escreveu as mais empolgantes ficções policiais, criando personagens curiosíssimas, tais como o celebérrimo Hercule Poirot, Miss Marple, Tuppence e Tommy, o superintendente Battle e Ariadne Oliver.
A obra de Agatha Christie permanecerá no património cultural internacional como testemunho inesquecível da extraordinária capacidade humana nos domínios da ficção, do raciocínio e do conhecimento da psicologia do comportamento - , obra imorredoira a vários títulos e retrato imperecível de uma época e de um modo de encarar os conflitos fundamentais da vida.


Este livro é daqueles que se calhar toda a gente leu. Ou viu o filme. Ou as duas coisas. Ou o tem na mesinha de cabeceira. Ou na estante. Ou viu na FNAC. Ou na Bertrand. Ou já ofereceu a alguém. Ou já lhe foi ofertado. Ou não.

Claro que não conto a história, mas cheira-me que deve ter havido um crime no Expresso do Oriente…

Ah, e este é o 13º volume da colecção Vampiro, editada pela Editora Livros do Brasil, SA, com sede na Rua dos Caetanos, 22. Tel. 346 26 21 - Lisboa. (ulha, não tem código postal e o nº de telefone não começa por 21 – estranho…).


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Encontros Imediatos...

Factura...

na academia - O Perfume, de Patrick Suskind (1985)

Esta extraordinária história passa-se no século XVIII e há todo um extraordinário trabalho de reconstituição histórica, não só da época e das mentalidades como do ofício de perfumista, que era então particularmente valorizado e que estava a cargo de artesãos especializados. Patrick Suskind conduz o leitor de página em página, de odor em odor, de perfume em perfume, inebriando-o, arrebatando-o nessa alquímica busca do Absoluto que é a do seu personagem: a busca do perfume ideal, isto é, a forma suprema da Beleza. Nessa busca nada deterá Jean-Baptiste Grenouille – que nascera no meio dos mais nauseabundos fedores, numa banca de peixe - , nem mesmo os crimes mais hediondos. Este personagem monstruoso possui no entanto algo de extremamente inquietante, a sua própria incorrupta pureza.


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

na academia - As Aventuras de João sem medo

Aventuras de João sem medo, panfleto mágico em forma de romance
José Gomes Ferreira

Este livro é absolutamente fantástico. Lido pela primeira vez no sexto ano, foi usado como base de uma peça de fantoches organizada na turma pela Professora de Português. Claro que tinha que ler o original…

Narra as aventuras de João sem medo, que vivia em Chora-Que-Logo-Bebes, exígua aldeia de chorincas situada (ou melhor, aninhada) perto do muro construído em redor da Floresta Branca e onde os homens construíram uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos. Claro que ninguém se aventurava pela floresta, porque os choraquelogobebenses preferiam choramingar e lastimar-se, andando sempre de monco caído, sempre constipados por causa da humidade, e a ouvirem com delícia canções de cemitério ganidas por cantores trajados de luto, ao som de instrumentos plangentes e monótonos.
Um dia João, o único que por capricho de contradizer e instinto de refilar resistia à choradeira, não aguenta mais e atreve-se a saltar o muro, que ostentava este aviso:

É PROIBIDA A ENTRADA
A QUEM NÃO ANDAR
ESPANTADO DE EXISTIR

e embrenha-se na Floresta Branca…
A partir daí sucedem-se aventuras e seres milagrosos como a Fada dos Dois Caminhos, o Homem sem Cabeça, a Menina de Cristal, o Gramofone com Asas, o Príncipe das Orelhas de Burro, o Rocinante (sim, o cavalo de Dom Quixote), a Princesa nº 46734, o João Medroso, a Menina dos Pés Ocos ou a Pedra numa narrativa que nos deixa literalmente agarrados ao livro. No fim, João sem medo, cheio de saudades de comer um bacalhau cozido com batatas e grelos, volta para Chora-Que-Logo-Bebes. De regresso àquela choraminguisse toda, decide abrir uma fábrica de lenços. Deve ter enriquecido…

Esta Obra, de um dos maiores escritores Portugueses, constitui-se numa viagem de João sem medo a um mundo fantástico que no essencial se encontrava dentro dele. Magistralmente narrada, é sem dúvida uma Obra incontornável do século XX Português.
Dedicada aos filhos do Autor, Raúl Hestnes Ferreira e ao irmão, Alexandre.

Dedicatória da primeira edição (1963):

Para os meus dois filhos:
Para ti, Raul José, homem há muito – e homem autêntico -, que aprendeste à tua custa que a verdadeira coragem é a força do coração…
Para ti, Alexandre, ainda criança, mas já com todas as tendências para não te tornares num desses falsos adultos que sujam o mundo e odeiam a imaginação…
Para os meus dois filhos – o homem e a criança – este Divertimento escrito por quem sempre sonhou conservar a Criança bem viva no Homem.





segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Manuel Freire - Pedra Filosofal

Jesus Christ Superstar - Pilates Dream

Da música...

Ouvir os velhinhos discos de vinil com uma qualidade superior aos CD's é fantástico...




segunda-feira, 3 de novembro de 2008

CAKE - I Will Survive (Live)

na academia - Os Lusíadas

Mais um daqueles livros que se tem que ler na escola...
Confesso que no nono ano achei uma enorme estopada ler esta Enorme Obra. Ele era figuras de estilo, palavras de que se desconhecia o significado, uma Professora que tinha acabado o Curso havia pouco tempo, que nos mandava ler as passagens entre as que se liam nas aulas e a fazer um resumo (na altura não havia net, mas felizmente havia um Senhor chamado Adolfo Simões Muller que escreveu uma versão para crianças e que eu, obviamente utilizei - claro que a Professora nunca soube) eram as leituras na aula, bem, tudo menos interessante.
Mais tarde e com mais alguma capacidade intelectual li esta Opus Magnun da Cultura Portuguesa, sempre nesta magnífica edição do Circulo de Leitores de 1980.
O Alvará Régio, a autorização da Santa Inquisição e as primeiras estrofes...




sexta-feira, 24 de outubro de 2008

na academia - A Biblioteca, de Gonçalo M. Tavares

Este livro, como o próprio Autor refere, pode não ser lido de uma vez. Trata-se de uma série de pequenos textos acerca da obra de muitos Autores. Deixo aqui a transcrição dos textos sobre Boris Vian, Ezra Pound, García Márquez, Hermann Broch e o último Nobel, J. M. Le Clésio. Mais informações sobre o Autor aqui.

Boris Vian

O meu saxofone é uma garrafa de rum que me faz cantar, mesmo com a boca cheia de garrafa.
E tenho bombas atómicas em comprimidos que se tomam: dois depois do almoço, um após o lanche, e um antes de deitar. Pode um método de destruição maciça ser individualizado sem perder as suas principais características? Eis uma pergunta interessante a que ainda não se deu a devida atenção.
E havia um homem cujo saxofone não tinha notas, mas metáforas.

Ezra Pound

Um violino tocado por um corpo de estômago grosseiro.
A espiritualidade avança no organismo apesar do aparelho mecânico colocado no coração. O By-pass não interfere com Deus: os batimentos dos dois mundos seguem caminhos diferentes. Os médicos não recomendam canções; e cometem ainda outros erros.
Negócios com os beijos não se fazem, caro Lorde, a não ser nas boas sociedades.

Gabriel García Márquez

Na Primavera os mortos não têm ossos. No Inverno, sim.
Na Primavera os mortos terão pólen e vísceras, mas ossos não. No Inverno, sim.
Mas os homens morrem todos no Inverno.

Hermann Broch

Um homem caminhava depressa. Havia a chuva por cima, lenta mas constante; e o chão por baixo: a caminhar tão rápido como o homem, mas em sentido inverso. A chuva ao cair no medo de um homem faz dele mais forte, e ao cair no metal – em cima de um carro, por exemplo – faz dele mais fraco.
O metal enfraquece com a chuva; e os homens, como algumas plantas, crescem com certa água em certa inclinação.

J. M. G. Le Clezio

Duas narinas para dois pulmões, a mão direita para escrever o livro, a mão esquerda para acariciar o gato.
Gatos pretos devem ser acariciados com a mão esquerda e gatos brancos devem ser acariciados com a mão direita. O contrário dá azar.
A nudez é o uniforme do massacre. Mas a nudez dos homens que não trazem a Natureza em baldes para a despejar em fábricas inteligentes, é outra. A nudez pode ser o uniforme do amor como se por vezes existisse um exército de dois, que não tem no mundo um único inimigo.
Aquele que ama é um exército de 2, sem inimigos.
Aquele que escreve é um exército de 1, sem inimigos.



quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Desenho Aquarela do Brasil




Absolutamente fantástico...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Jacques Brel - Amsterdam

Animais ou menos

Sempre achei imensa piada a este nome...
A história destes desenhos é muito simples. Há uns dez anos atrás dei aulas de Educação Visual a alunos do terceiro ciclo. Como a motivação de uma turma era muito baixa, bem como a vontade de trabalhar, um dia perdi a paciência e comecei a fazer uns esquissos de animais imaginários e propus aos alunos que os pintassem com lápis de cor. Bem, começaram a trabalhar que nem uns loucos (e eu, por arrasto, porque estar a produzir desenhos para 30 alunos não é fácil) e passado uma ou duas semanas voltou a ser possivel trabalhar normalmente, embora me pedissem sempre para ir fazendo uns esquissos. No fim do ano seleccionei os melhores, dos quais posto aqui alguns.







terça-feira, 7 de outubro de 2008

Carlos Seixas - Sonata para clavicórdio nº 24 em Ré Menor

Bach - Ária das Variações Goldberg by Glenn Gould

António Menano - Menina e Moça

António Menano é para mim uma enorme referência da música de Coimbra.
Uma das suas maiores vozes...

na academia - Eduardo Lourenço "O Labirinto da Saudade"












Que Eduardo Lourenço (fez 85 anos no outro dia) é uma das incontornáveis figuras do pensamento Português é um facto indiscutível. O Labirinto da Saudade - Psicanálise Mítica do Destino Português é uma das suas obras mais conhecidas. Quando ontem vi a entrevista que lhe fizeram na dois fui buscar o livro e devo confessar que é uma obra fantástica, de leitura obrigatória.
Informação sobre ele aqui


O tradicional grito de “pouca sorte”

A célebre mentalidade milagreira portuguesa procede desta situação, em si não insólita, mas aberrante pela extensão e o tempo em que se prolongou. O resultado, o imediato gozo que proporciona, independentemente do esforço com que se alcança, equivalem “à graça” ao “milagre” que num segundo restaura a ordem do mundo até aí desfavorável. A imprevidência histórica de que várias vezes demos provas desde Alcácer-Quibir até à Descolonização, a eterna surpresa que sublinha as catástrofes mais evitáveis, o nacional grito de “pouca sorte” com que comentamos os desastres que nós próprios elaborámos por inércia ou confiança infinita nas boas disposições da Providência, são só alguns dos aspectos com que mais brutalmente se manifesta a nossa riquíssima mentalidade de pobres milionários por direito divino. Tutti principi, como na Itália, onde tão comum “commedia dell’ arte” social serve, felizmente, para ninguém se tomar a sério como tal, o que não é o nosso caso, de gente que a bem dizer não visa mesmo “ser rico” responsabilizando-se nessa situação, mas apenas não ser tão pobre como o vizinho e suplantá-lo. É a função e o conteúdo formal da riqueza que importam, não a objectiva e tranquilizante vontade de poderio que ela assegura. O comportamento sinistramente ostentatório e bárbaro que William Beckford notou na nossa aristocracia portuguesa que frequentou, não tinha mais função que a de se extenuar na pantagruélica exibição da sua diferença em relação ao comum povo esfomeado. Essa gente que era a nossa “nobre gente” não celebrava nenhum ritual de posse ou gozo feliz da sua existência, mas afirmava apenas, para o exterior, a satisfação vil de um privilégio. Esta aristocracia não estava em condições mínimas de fazer um uso humano do abuso económico e social que representava. A função de aparato e de aparência esgotava toda a sua realidade por não haver no espaço social português termo algum de comparação que pudesse constituir uma crítica implacável desse estilo de vida sem objecto próprio, pois a Corte, imobilista e grotesca, também o não exemplificava.

Alvaro Siza

Auto-retrato

na academia - Eu já posso imaginar que faço.

Este livro circulou pelo país muito antes de ser editado, pelas casas e pelas vidas de algumas pessoas. Nasceu de uma extensa conversa radiofónica. Da Rádio Comercial chegou à letra da Assírio & Alvim. De que se trata? Da vida das pessoas. Propõe um sentido poético, a reflexão, “dar forma aos sonhos” contra a normalização e apatia que abafam a vida. O diálogo, as hesitações, os silêncios, as divergências pontuais, a coloquialidade tornam-no tão próximo como se se tratasse literalmente de um livro de bolso, perto do calor do corpo e do escuro dos sonhos. Formalmente é uma conversa interminável, sem mestre, chave d’ouro ou indiscutíveis verdades.

retirado daqui

Resolvi falar deste livro de algum modo por causa da escrita de Lobo Antunes, que se me afigura algo impenetrável. Já tinha dito na academia que tentei mais do que uma vêz ler obras dele e nunca consegui. No fim de semana peguei n' a morte de Carlos Gardel e não consegui passar da primeira página. Tenho pena, mas, como diria o Eng. Guterres: "É a vida..."

Entretanto comecei a pensar na escrita e na palavra dos psi's e lembrei-me deste título que li com enorme prazer há uns anos. Não será obra de grande alcance literário, até porque resulta da transcrição de um programa de rádio, mas seduz.
Deixo um pequeno excerto:

Todos nascemos com uma doença mortal que é a vida

C.A.D. – Claro. E lá diz o povo: mãe há só uma. Penso que foi o código napoleónico que tentou introduzir um pouco o pai, mas à força. Porque, de facto, é a mulher que tem sempre o segredo da maneira como gerou os seus filhos. Tenho um conhecimento, digamos, microscópico, de míriades de fantasma que se geram à volta da criança.
Acompanhei várias mulheres que estiveram grávidas durante a análise e pude aperceber-me que há sempre um mistério sobre a criança que nunca é partilhado com o pai. Os casais modernos pensam que isto de homens e de mulheres é tudo a mesma coisa e propõem a divisão das tarefas com o bebé em planos de igualdade, como se fosse indiferente para o bebé ser tratado por um ou pelo outro. O impulso maternal é comum a toda a espécie humana, mas a mulher não permite ao homem a comunhão da maternidade. Acaba sempre por lembrar que o filho andou foi na barriga dela. A mão outorga-se o privilégio de ser o paraíso perdido da criança…
J.S.M. – Voltamos, afinal, ao paraíso perdido, mas desta vez um paraíso bastante mais real que o da Bíblia, talvez o único paraíso perdido verdadeiro…
C.A.D. – E voltamos também à questão que me pôs no outro dia, sobre a importância dos mitos da origem. É que todos nascemos com uma doença mortal que é a vida. E aí também a religião católica dá uma bela resposta ao dizer: “da terra vieste, à terra voltarás”. Já falámos também do Édipo em Colono, onde aquele acaba por se dissolver num coito com a terra-mãe. Ora, é precisamente porque morremos que temos necessidade de uma origem. Seria terrível srmos mortais! Se o fôssemos, ninguém faria coisa alguma! Pelo menos os criadores, esses aspiram sempre à imortalidade. Penso que era o Herberto Hélder que dizia que o desejo mais mortal é o desejo da imortalidade. E eu estou de acordo com ele.

In, Eu já posso imaginar que faço, 1989


sábado, 4 de outubro de 2008

na academia - Dinis Machado - Qual é o lado mais cómico disto?

Dinis Machado faleceu.
O Título do post pode parecer não fazer sentido nesta altura, mas é facilmente compreendido se se ler o texto abaixo, escrito por ele e publicado num livro chamado "Reduto quase final" em 1989.

Até sempre.


Uma das primeiras grandes revelações da minha infância, ao surpreender as coisas, foi verificar que me interrogava, invariavelmente, assim: qual é o lado mais cómico disto? Os desfiles militares, as cerimónias religiosas, os cumprimentos obsequiosos e constrangedores, os adereços excessivos da autoridade, as exigências rígidas da hierarquia, os compromissos artificiosos. E eu: qual é o lado mais cómico disto? Daí a fazer esta pergunta interior em qualquer situação dramática, foi um passo. A doença, a brutalidade, a estupidez, a intolerância, a maldade pura, a alucinação despótica – até o leito de sofrimento, o leito da morte. E eu: qual é o lado mais cómico disto?
Andava nessa altura a rir-me muito com as caras burlescas do cinema, não sabia que Shakespeare e Bergman existiam, ainda não tinha lido alguns livros trágicos e patéticos – e se soubesse que devia ter a faculdade de me rir de mim próprio, sabia-o sem o saber. Quando uma vez caí, a patinar no passeio com botas cardadas, e parti o dente da frente, fiz a pergunta calada e sacramental, enquanto as pessoas olhavam para mim: -Qual é o lado mais cómico disto?
Quando a infância começou a ser perturbada por desentendimentos mais amplos com o real, insisti na defesa da minha alegria, do meu prazer de viver. E até na dor que retirava dos que amava (dos meus avós, das minhas velhas tias, por exemplo), e até na morte, que sempre me surpreendia, protegia-me com essa frase defensiva, essa armadura de sol, de chuva e de subir a escada a quatro e quatro.
Creio que os cómicos do cinema me compreendiam melhor que ninguém. Habitavam o coração do desastre com a desenvoltura e a paciência evangélica dos grandes missionários da naturalidade.

In: Reduto quase final, 1989



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Janita Salomé - Maçãs de Zagora







Um dos mais geniais músicos portugueses...

GRAHAM NASH AT NAMM 2007



Graham Nash, dos Crosby, Stills and Nash (and Young) a interpretar "teach your children", do Albúm "dejá vu" do quarteto.





Sublime...

Lotte Lenya interpreta Mack the Knife de Kurt Weill

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Deep Purple - Child in time 1970




Um dos maiores clássicos do rock...

na academia - Der Prozess, by Franz Kafka

O Processo, de Franz Kafka é, indubitavelmente um dos maiores livros do século XX. Já li este livro há uns bons anos, mas sempre que leio algo que me desassossega lembro-me de K. e do "seu" Processo, daquela subtil e estranha cosmogonia, daquele engolir em seco, da Metamorfose, do Castelo, d' (...)

Ler Kafka é decifrar um código que, parecendo simplista e redundante, acaba por se mostrar extremamente complexo.
O Processo é isso mesmo. É-nos apresentado Joseph K., um singular personagem, funcionário de uma instituição bancária sem nome, habitante de uma cidade da qual nada sabemos e cidadão de um país que desconhecemos totalmente.
Como o título indica, a trama gira em torno de um processo: o processo de K. E continuamos sem nada saber. Qual a acusação feita a K.? Qual o crime por si cometido? Que justiça é aquela, que o encarcera mantendo-o livre? Irrespondível! Nem ele mesmo sabe. Ou sabe e prefere não revelar.

Impregnada de uma profunda, mas subtil, apreciação social, esta obra é o espelho de uma mente crítica, em desconformidade com os ritos sociais vigentes, aos quais lança inúmeros ataques.
Publicado postumamente, bem como a maioria dos restantes escritos de Kafka, este livro apenas nos é acessível porque Max Brod, amigo e confidente do autor, não lhe foi fiel (ou louco) ao ponto de satisfazer o seu último pedido: que queimasse todas (!) as páginas por si escritas. Haverá talvez quem considere que nada de importante se teria perdido. Respeito tal posição.
Eu prefiro pensar que, se tais palavras tivessem sido queimadas, o fumo que delas teria emanado seria senhor de um dos mais belos, densos e desconcertantes odores alguma vez concebido.


retirado daqui


Cantico Negro by José Regio - Maria Bethânia

Cantico Negro by José Régio - João Villaret

terça-feira, 23 de setembro de 2008

academia - e do disco se fez livro







Há livros, grandes livros e canções, grandes canções e músicos (não uso a palavra "artistas" porque infelizmente cada mais vem tendo sentido pejorativo...), grandes músicos.
E como admiro a tranversalidade na arte, e gosto de poesia e do Paco Ibañez e ouvi este disco no outro dia (Paco Ibañez, Por una Canción, de 1990) pensei: "se estou a ouvir este disco e a ler grandes poetas, não será de algum modo este disco um livro?" (e se alguém quiser dizer, olha este, armado em pseudo-intelectual, devo dizer que conheço o disco do Caetano que se chama "Livro"...).
Não quero dizer mais. Deixo este belo, embora deficientemente traduzido texto do grande José Agustín Goytisolo e os poemas que Paco interpreta no disco, bem como alguns videos. No fim, imagens retiradas do folheto de um Concerto que Paco deu em Coimbra em 2001 (aparecem em fundo umas "coisas" - pois, é o autógrafo que ele me deu, mas que se vê muito mal).


De Trovadores e Jograis

Quando as civilizações grega e romana foram derrubadas, na Europa começou um longo período de retrocesso cultural. Desapareceram os grandes poetas, desapareceram os grandes teatros, onde se encenava para um grande público. A cultura encerrou-se em alguns mosteiros e encontrava-se só ao alcance de uma minoria.
Foi na Provença, no século XII, que apareceram os primeiros trovadores (trovador ou faladores) de palavras felizes, que não escreviam em latim, mas na língua de OC.
Chamavam-se assim para se distinguirem dos intelectuais que falavam em latim. Os trovadores eram gente culta, alegre e satírica que se expressavam no idioma do cidadão comum. Compunham a letra e a música das suas canções, era o seu ofício. As suas obras eram interpretadas pelos jograis, origem dos cantautores actuais, e que para além de saber cantar, dominavam diversos instrumentos musicais. Em algumas situações os jograis compunham também a letra e a música das canções, como os cantautores actuais.
O êxito de trovadores e jograis, bem como a sua enorme influência junto das populações, muitas vezes assustou os detentores do poder: o IV concílio de Latrão proibiu a clérigos e monjas ter trato com trovadores e jograis, tendo-os definido como gente dissoluta e libertina. Mas também dentro do mesmo poder eclesiástico houve gente que não pensava da mesma forma: Francisco de Assis e seus discípulos romperam com esta proibição ao auto intitularem-se “Jograis do Senhor”.
Os trovadores, jograis e cantautores actuais mantiveram e enriqueceram este ofício, mas também, como outrora, foram mal vistos em muitos países, foram proibidos, marginalizados e até encarcerados.
Mas aí estão, trovadores e jograis de hoje, como antigos e gastos lutadores a favor da alegria e da liberdade.

José Agustín Goytisolo (traduzido do original em Castelhano)



No te pude ver

No te pude ver
cuando eras soltera
mas de casada te encontraré.

Te desnudaré
casada e romera
cuando en la noche las doce den.

Federico Garcia Lorca


Córdoba

Jaca negra, luna grande
y aceitunas en mi alforja.
Aunque sepa los caminos
yo nunca llegaré a Córdoba

Córdoba
lejana y sola

¡Ay qué camino tan largo!
¡Ay mi jaca valerosa!
¡Ay que la muerte me espera!
Antes de llegar a Córdoba.

Córdoba
lejana y sola

Federico Garcia Lorca


Amada

Amada, en esta noche, tú te has crucificado
entre los dos maderos cruzados de mi beso.
Y tu pena me há dicho que Jesús ha llorado
y que hay un Viernes Santo mas dulce que esse beso.
Y tu pena me há dicho que Jesús ha llorado
y que hay un Viernes Santo mas dulce que esse beso.
Amada, en esta noche, tú te has crucificado.

Amada, moriremos los dos juntos, muy juntos
y ya no habrán reproches en tus ojos benditos
ni volveré a ofenderte. Y en uma sepultura
dormiremos los dos como dos hermanitos.

Cesar Vallejo




Juventud, divino tesoro

Juventud, divino tesoro.
¡Ya te vas para no volver!
Cuando quiero llorar no lloro
y as veces, lloro sin querer.

Juventud, divino tesoro.
¡Ya te vas para no volver!

En vano busqué a la princesa
que estaba triste de esperar.
La vida es dura, amarga, y pesa.
Ya no hay princesa que cantar.

Juventud, divino tesoro
¡Ya te vas para no volver!

A pesar del tiempo terco
mi sed de amor, no tiene fin.
Cabello gris, asi me acerco
a los rosales de jardin.

Juventud, divino tesoro
¡Ya te vas para no volver!

Ruben Dario


Ya no hay locos

Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, en España ya no hay locos.

Se murió aquel manchego,
Aquel esrajalário fantasma del desierto.

Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, amigos ya no hay locos.

Todo el mundo está cuerdo
terrible, horriblemente cuerdo.

Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, en España ya no hay locos.

¿Cuándo se pierde el juicio?
Yo pregunto: ¿Cuando se pierde, cuándo?
Si no es ahora, que la justicia
vale menos que el orín de los perros.

Ya no hay locos, ya no hay locos
ya no hay locos, amigos ya no hay locos.

Leon Felipe




Rosal

¿De qué sirve presumir,
rosal, de buen parecer
sí aún no acabas de nacer
quando empiezas a morir?
Hay que llorar e reir
vivo y muerto, tu arrebol.

Rosal, menos presunción
¿donde estan las clavellinas?
Pues serán mañana espinhas
las que ahora rosas son.

No es muy grande la ventaja
que tu calidad mejora,
si es tumantilla la aurora
es la noche su mortaja.
Se está riendo la malva
cabellera de un terrón.

Rosal, menos presunción
¿donde estan las clavellinas?
Pues serán mañana espinhas
las que ahora rosas son.

Francisco de Quevedo




Tus ojos me recuerdan

Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.
Negra noche sin luna
orilla al mar salado.
Y un chispear de estrellas
de un cielo negro y bajo.
Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.
Y tu morena cara
los trigos requemados
de un suspirar de fuego
de los maduros campos

Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.

De tu morena cara
de tu soñar gitano
de tu mirar de sombras
quiero llenar mi vaso.
Me enbriagaré una noche
de un cielo negro y bajo
para cantar contigo
orilla al mar salado,
una cancion que deje
cenizas en los lábios
de tu mirar de sombra
quiero llenar mi vaso.

Tus ojos me recuerdan
las noches de verano.

Antonio Machado





Cancion de la muerte

Débil mortal, no te assuste
mi oscuridad ni mi nombre.
En mi seno encuentra el hombre
un término a su pesar.
Yo, compassiva, le ofrezco
lejos del mundo un asilo
donde en mi sombra, tranquilo
para siempre duerma en paz.

Soy la virgen misteriosa
de los últimos amores
y ofrezco un lecho de flores
sin espinhas ni dolor.
Y, amante, doy mi cariño
sin vanidad ni falsia.
No doy placer, ni alegria,
mas es eterno mi amor.

Deja que inquieten al hombre
que, loco, al mundo se lanza
mentiras de la esperanza,
recuerdos del bien que huió.
Mentiras son sus amores,
mentiras son sus victorias
y son mentiras sus glorias
i mentira su ilusion.

José de Espronceda


La Romeria

¡Ay qué blanca la triste casada!
¡Ay, como se queja entre las ramas!
Amapola y clavel será luego
cuando el macho despliegue su capa.

Si tú vienes a la Romería
a pedir que tu vientre se abra
no te pongas un velo de luto
sino dulce camisa de Holanda.

¡Ay, como relumbra!
¡Ay, como relumbraba!

Vete sola detrás de los muros
donde estan las higueras cerradas
Yy suporta mi cuerpo de tierra
hasta el blanco gemido del alba.

Federico Garcia Lorca





El Rey Almutamid

Soñaba en su lecho el rey
soñaba de madrugada
que entre las ondas del rio
buscaba manzanas blancas

Noche de medo en Sevilla
víspera de la batalha

Y el rey Almutamid
en el sueño contemplaba
la dulce fruta de nieve
que en los espejos temblaba

Noche de medo en Sevilla
víspera de la batalha

En Sevilla, Almutamid
abrió los ojos al alba
quando el sol enrogecia
en la ventana mas alta.
Y ni amanecer halló
ni arrayán bajo la almohada
ni del agua el dulce nido
donde vio manzanas brancas

Fanny Rubio





Volverán las oscuras golondrinas

Volverán las oscuras golondrinas
en tu balcon sus nidos a colgar
y otra vez con el alla a sus cristales
jugando llamarán.

Pero aquellas que el vuelo refrenaban
tu hermosura i mi dicha al contemplar,
aquellas que aprendieron nuestros nombres,
essas… ¡no volverán!

Volverán las tupidas madresselvas
de tu jardin las tapias a escalar,
y outra vez a la tarde, aún más hermosas,
sus flores se abrirán;

Pero aquellas cuajadas de rocio,
cuyas gotas mirábamos temblar
y caer, como lágrimas del dia…
essas… ¡no volverán!

G. A. Becquer





sábado, 20 de setembro de 2008

academia - Dias Gomes - Sucupira, ame-a ou deixe-a

Sucupira, ame-a ou deixe-a

Venturas e desventuras de Zeca Diabo e sua gente na terra de Odorico, o Bem-Amado

Já li este livro mais que uma vez e confesso que o acho fantástico.

A partir da peça “O Bem-Amado” de Dias Gomes, foi feita (para mim) uma das mais geniais e hilariantes telenovelas brasileiras. Na sequela dessa telenovela foi feita ainda uma série de televisão (com os actores da novela original). São desta série os sete contos que integram este livro ameno e alegre, zombeteiro e hilariante que, através da caricatura e da graça, critica a realidade político-social brasileira, dessacralizando mitos, comportamentos e costumes.

Seguem pequenos excertos…

“- Zeca Diabo… - Dirceu se encolhe no banco traseiro do carro que se distancia do Descampado, ainda não refeito do susto – com essa eu não contava.
-Esse cangacista… o padre italiano fez a cabeça dele. – Odorico coloca a gravata, veste o paletó. – Tá repetindo tudo que nem papagaio. E é um papagaísmo que pode alastrar talqualmente uma praga.
- O senhor acha?
-Foi assim que começou a Revolução Francesa. Com uns papagaístas que papagaiavam o que os outros diziam. E foram papagaiando, papagaiando… e deu no que deu.
- Acabaram cortando a cabeça de Luís XVI.
- É… - Odorico passa as mãos no pescoço, como se sentisse o fio da guilhotina – temos que dar um jeito nesse padreco.

- Licença, seu coroné? – Caboré pára na porta da sala de jantar, respeitoso, chapéu na mão, o cano do 38 aparecendo por baixo do paletó-saco. – Seu coroné mandou-me chamar?
- Mandei. – Odorico acaba de descascar um camarão, engole, chupa os dedos, limpa as mãos e a boca num guardanapo. – Reúna toda a rapaziada. Tenho pra você um serviço de profilaxia da peste subversiva.
- Tem o quê? – O jagunço arregala os olhos. – Entendo disso não, seu coroné.
- Entende sim. Entende e é doutor, de anel no dedo e canudo.

- Por esse rápido expositório dos sabidos e acontecidos, o Dr. Delegado pode ver que existem sobejíssimas provas de que esse padre é um subversionista contumaz da ordem política e social. – Odorico quebra o tom com uma inflexão maliciosa. – Noves fora os concernentes à moral pública… Contam-se dele coisas do arco-da-velha.
- É mesmo? O Delegado Pacheco tira os óculos raiban, mostrando os olhos acinzentados e cheios de pornográfico interesse.
- Um debochista praticante e juramentado. Tem que ser expulso do País.”





quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Paco Ibañez - Palabras para Julia




Poema de José Agustín Goytisolo e musica de Paco Ibañez, no memorável Concerto no Olympia de Paris.

Joan Manuel Serrat - La Saeta (2007)

Joan Manuel Serrat - La Saeta (04_nov_74)

Carlos Puebla - Hasta Siempre



Que Bela Homenagem a Ernesto Guevara...

Syd Barrett - Octopus (06-06-1970)



O Fundador dos Pink Floyd...

Caetano Veloso - Mano a Mano



Como é que Caetano Veloso consegue ser tão genial como Gardel?

Carlos Gardel - Mano a Mano

Carlos Gardel - Mi Buenos Aires Querido




Como é que alguém que faleceu há mais de setenta anos pode cantar melhor a cada dia que passa? É muito estranho...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Nascidos antes de 1986...

De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípio de 80 não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas em tinta á base de chumbo que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos.
Não tínhamos frascos de medicamento com tampas "á prova de crianças" ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas.
Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes.
Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags - viajar á frente era um bónus. Bebíamos água da mangueira do jardim e não da garrafa e sabia bem.
Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos gasosa com açúcar, mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora. Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos disso.
Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, para só depois nos lembrarmos quee squecemos de montar uns travões. Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.
Saímos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer.
Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso. Não tínhamos Play Station, X Box.
Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, Chat na Internet.
Tínhamos amigos - se os quiséssemos encontrar íamos á rua.
Jogávamos ao elástico e á barra e a bola até doía! Caíamos das arvores, cortávamo-nos, e até partíamos ossos mas sempre sem processos em tribunal.
Havia lutas com punhos mas sem sermos processados.
Batíamos ás portas de vizinhos e fugíamos e tínhamos mesmo medo de sermos apanhados.
Íamos a pé para casa dos amigos. Acreditem ou não íamos a pé para a escola; não esperávamos que a mamã ou o papá nos levassem.
Criávamos jogos com paus e bolas.
Se infringíssemos a lei era impensável os nossos pais nos safarem, eles estavam do lado da lei.
Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre.
Os últimos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e ideias novas. Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo.
És um deles? Parabéns!
Passa esta mensagem a outros que tiveram a sorte de crescer como verdadeiras crianças, antes dos advogados e governos regularem as nossas vidas, "para nosso bem". Para todos os outros que não têm
idade suficiente pensei que gostassem de ler acerca de nós. Isto meus amigos é surpreendentemente medonho ... e talvez ponha um sorriso nos vossos lábios:
A maioria dos estudantes que está nas universidades hoje nasceu em 1986...chamam-se jovens.
Nunca ouviram "we are the world" e uptown girl conhecem de westlife e não Billy Joel. Nunca ouviram falar de Rick Astley, Banarama ou Belinda Carlisle. Para eles sempre houve uma Alemanha um Vietname. A SIDA sempre existiu. Os CD's sempre existiram. O Michael Jackson sempre foi branco.
Para eles o John Travolta sempre foi redondo e não conseguem imaginar que aquele gordo fosse um dia deus da dança. Acreditam que Missão impossível e Anjos de Charlie são filmes do ano passado. Não conseguem imaginar a vida sem computadores. Não acreditam que houve televisão a preto e branco.
Agora vamos ver se estamos a ficar velhos:

1.. Entendes o que está escrito acima e sorris
2.. Precisas de dormir mais depois de uma noitada
3.. Os teus amigos estão casados ou a casar
4.. Surpreende-te ver crianças tão á vontade com computadores
5.. Abanas a cabeça ao ver adolescentes com telemóveis
6.. Lembras-te da Gabriela (a primeira vez)
7.. Encontras amigos e falas dos bons velhos tempos
8.. Vais encaminhar este e mail para outros amigos porque achas que vão gostar.






SIM ESTÁS A FICAR VELHO!!

Tom Waits - Jockey Full of Bourbon (Warsaw 2000)

Tom Waits - Rain Dogs

ENA PÁ 2000 - "Emigrante"

Mler Ife Dada -- Zuvi Zeva Novi

Quinteto Tati ao vivo no "Noites Ritual Rock" 2006

Hermeto Pascoal e Grupo - Viagem (1984)

Egberto Gismonti - Karatê

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Quereres - Chico e Caetano

Queria Fotografar Assim...

Castelo de Mogadouro.
Foto Luís Ferreira Alves, Julho 2008

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Red Bull Air Race Porto 2008

Algumas imagens tiradas no sábado à tarde...